O Projeto Dune, um ambicioso experimento internacional de análise de neutrinos, começará em 2030 com um investimento de U$ 3,7 bilhões. O projeto envolve 1,4 mil cientistas de 37 países, com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) liderando a participação brasileira.
O Dune, que significa Deep Underground Neutrino Experiment (Experimento Subterrâneo Profundo de Neutrinos), busca responder questões sobre a origem da matéria e a formação de buracos negros. As pesquisas serão realizadas em cavernas localizadas a 1,6 quilômetro abaixo da superfície, entre os estados de Illinois e Dakota do Sul. Cada caverna terá 150 metros de altura e 150 metros de comprimento, contendo 17 mil toneladas de argônio líquido puríssimo.
O Brasil contribuirá com a purificação do argônio e com o detector de luz X-Arapuca, essenciais para registrar as interações dos neutrinos. O professor Pascoal Pagliuso, coordenador da pesquisa pela Unicamp, destaca que os neutrinos são partículas subatômicas que surgiram após o Big Bang e estão presentes em todo o universo, mas são extremamente difíceis de detectar.
Objetivos do Projeto
Os cientistas esperam esclarecer por que a matéria prevaleceu sobre a antimatéria após o Big Bang. Além disso, o projeto investigará a formação de buracos negros, que ocorre durante a explosão de estrelas. Os neutrinos emitidos nessas explosões podem fornecer informações cruciais sobre esses fenômenos.
Outro aspecto importante do Dune é a possibilidade de observar o decaimento de prótons, um fenômeno teórico que, se comprovado, poderá revolucionar a física moderna. O argônio líquido servirá como meio para as interações dos neutrinos, enquanto o X-Arapuca capturará a luz gerada durante essas reações.
Impacto e Colaboração
O investimento total do projeto é significativo, com o Departamento de Energia dos Estados Unidos sendo o maior financiador. O Brasil destinará cerca de R$ 200 milhões, com R$ 88,6 milhões provenientes da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). As escavações das cavernas foram concluídas em agosto de 2024, e a construção dos equipamentos está em andamento.
O Dune é considerado um marco na pesquisa científica, com potencial para gerar avanços tecnológicos que beneficiarão diversas áreas. A Unicamp, além de liderar a pesquisa, desenvolveu tecnologias que podem ser aplicadas em outras situações, como a purificação de gases e líquidos.
Fonte: Portal Tela
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